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Avulsa -2

Rómulo, Nome de Código

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Lis & Lena

Poema de Outono

Avulsa - 1

TRIPEÇA

O Legado de Mireia

IN PULVEREM

Renascer em Córdova (II)

Renascer em Córdova (I)

O ODRES

Renascer em Córdova (II)
Edir Meirelles

O ENCANTO ROMANESCO

Edir Meirelles (*)

 

"Os grandes criadores realizam suas obras sob tensões similares aos tremores da terra."

Ernesto Sabato.

 

Tenho uma fixação atávica pelos meandros da história dos povos, especialmente daqueles não contados oficialmente ou que foram atirados num escaninho para serem esquecidos ou se perderem na poeira do tempo. Meu encantamento é maior quando se trata da saga dos povos ibéricos ou dos que com eles conviveram e/ou se digladiaram. Não preciso dizer o quanto me fascinam os labirintos da "ocupação moura " desta parte européia.

A leitura do livro Renascer em Córdova (1) que conquistou, merecidamente, o prêmio Vasco Branco, 2004, do escritor português Luís Vieira da Mota, restaurou em mim esta magia, graças à sua trama romanesca bem articulada, pelas sutilezas históricas, pela extraordinária ambientação em terras espanholas e pelo texto envolvente.

Trata-se de um romance interessantíssimo, misterioso, atualíssimo com os ingredientes marcantes do terceiro milénio. Sua linguagem precisa flui com naturalidade e sem rebuscamentos. Os personagens são autênticos e bem delineados - verossímeis. A tecitura é muito bem urdida, embora seja uma ficção, sustenta-se em fatos reais da História Universal, salientando aspectos importantes da cultura muçulmana sedimentada e enriquecida na península Ibérica.

Os acontecimentos do 11 de setembro na América do Norte certamente será um divisor de águas na história da humanidade. Sim, porque os potentados com sonhos hegemónicos, sempre influirão nos destinos das nações. A explosão das torres gêmeas   foi muito bem explorada pelo autor de Renascer em Córdova. 0 contraponto do mistério dos irmãos gêmeos que se desconheciam, o sonho dos descendentes da cultura islâmica, sua preparação para exercer papel fundamental no jogo das potências, os mistérios intrincados da saga, tudo leva o leitor num crescendo de interesse, a não querer deixar a leitura para o dia seguinte. Os diálogos são conduzidos com maestria e o narrador é arguto e objetivo. Ademais, a ambientação do romance na parte espanhola da península é decisiva. A descrição dos monumentos seculares: mesquitas, fortificações, residências, dão um toque saboroso ao livro. Ressalta-se a grandiosidade da arquitetura mourisca, muito bem descrita e oportuna. Por um lado, a presença de uma beldade norte-americana envolvida na trama e um tutor, fanático e severo pelo outro, colocando seixos em sua travessia, tentando desviá-la das pistas, constituem condimentos importantes que instigam o paladar do leitor.

A obra está salpicada de reminiscências históricas. Detalhes artísticos dos monumentos visitados e o cheiro das iguarias exóticas impregnam as cozinhas andaluzas. Fico a imaginar, que bom seria um roteiro turístico- gastron6mico inspirado no romance de Luís Vieira da Mota!

Parabéns romancista!

 

Vila de Noel, RJ, 31 de outubro de 2005.

Edir Meirelles

 

(*) Poeta, contista, ensaísta c romancista. Presidente do Sindicato dos Escritores do Estado do Rio de Janeiro (SEERJ) no período de 2001 a 2004 c atual 2º Vice-presidente da União Brasileira de Escritores (UBE-RJ).

 

(1) Editorial Noticias, Cruz Quebrada, Portugal - 2005.



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